
LIA VIEIRA
Encruzilhada de Notícias

13 de maio - "quando o corpo pede um pouco mais de alma" Lenine
13/05/2020
13 de maio - “quando o corpo pede um pouco mais de alma“ (Lenine)
Olá, público leitor, muito bom que você chegou.
Para esse 13 de maio, tinha preparado um texto contundente, ninguém menos que Frantz Fanon e sua obra, Os Condenados da Terra, que vinha como grande vingador de todo um século de racismo, desigualdades, injustiças, intolerâncias.
Mas, dentro de mim, Tempo falou: o mundo precisa é de Calma.
Embainha a sua espada.
Quero começar agradecendo a professora Márcia, do município de Vassouras, que recomendou para a turma dela, 5º. Período de Pedagogia, a leitura do meu conteúdo de 1º, de maio: Teoria Malthusiana, Trabalhismo e Vai nessa sua Força. Perdeu? Mais abaixo, é possível encontrar os conteúdos anteriores.
A maior recompensa para quem escreve é ser lido, e recomendado e modernamente, compartilhado.
Para não deixar o público leitor jovem, sem argumentos para retrucar em debates que possam surgir neste dia, apenas reporto uma das formulações do grande mestre:
Fanon, em Os Condenados da Terra, torna-se extremamente atual na nossa era de pós-verdade, onde as questões linguísticas passam a definir contextos de nossas existências.
“O opressor, desumaniza o oprimido, para torná-lo um animal. É ressaltada a linguagem zoológica do colono e a forma de vida animalesca com que descreve o colonizado, o indígena, o negro, seu cheiro, seus modos, etc.“
O termo arroba utilizado recentemente e sem qualquer discernimento e punição, por quem gerencia a política nacional, são segundo Fanon, "Os valores brancos de incivilidade” e acrescento, formou adeptos, são reproduzidos na família, na mídia, e se tornam ecos. O que ainda pode chocar?
O que eles não contavam é que outra geração se agiganta: uma legião de pensadores que, com uma incrível paciência, temos que explicar, que os nossos valores não se ajustam à verdade da vida deles, a isso se chama decolonialidade, pensamento afrodiaspórico. A discussão do humanismo, em revés nos mostrou que somos universais e as práticas racistas particularizam-nos.
"O sofrimento desnecessário e não aceito nos fere, mas não precisa nos assustar pela vida inteira. O que permitimos que a marca do nosso sofrimento se torne está em nossas próprias mãos".
Nossas vozes e nossas estratégias devem ser orientadas para não combater o ódio com o ódio. Temos que dar respostas para um mundo economicamente globalizado e que trouxe, a gripe, o ebola, as pandemias e nos tornou a todos flagelantes. A despeito das mais sofisticadas tecnologias, riquezas individuais, superficialismo, e progresso científico, somos todos Robson Crusoé, em nossas próprias ilhas. Isolados-indivíduos.
Organize o seu tempo com Colaboração, Solidariedade, use sua energia interna de Doação. Crie janelas de oportunidades.
Que cada um a seu modo preencha seu entendimento e sua sabedoria sobre: vida x morte, sobrevida, aprendizado. Temos muito tempo para repensar o mundo e sair desta crise como seres melhores.
A minha certeza, me diz:
Não somos “os eleitos” dos discursos visionários deles, mas, pelo menos temos remorsos.
Fanon, F. (1968). Os Condenados da Terra. RJ: Editora Civilização Brasileira
Hooks, Bell (2019)Olhares Negros: raça e representação .SP Editora Elefante
Lenine; 1999,Paciência,Álbum Lenine.
Conteúdos anteriores:
01/05/2020: 1º de maio - Trabalhismo, Teoria Malthusiana e "Vai nessa tua força”
21/04/2020: 21 de abril - Uma conversa com a vida e a leitura das máscaras
01/04/2020: 1° de abril Para quem vive na Guerra a Paz nunca existiu (Racionais MC´s)
LIA VIEIRA
Carioca e graduada em Economia, Turismo e Letras, Lia cursou doutorado em Educação na Universidade de La Habana (Cuba)/Universidade Estácio de Sá (RJ). É escritora, pesquisadora, dirigente da Associação de Pesquisa da Cultura Afro-brasileira e militante do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres
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